terça-feira, 18 de novembro de 2014

NOVAS ARQUITETURAS PARA A GESTÃO MUNICIPAL

O nosso sistema político necessita de ser transformado, e não, apenas reformado. Nós precisamos de algo mais, e não somente de algo a mais. Somos todos convocados a inventar, descobrir, criar, elaborar, aprimorar novas alternativas e desvendar outras fórmulas para caminhos verdadeiros, autênticos e justos para todos os seres vivos sobre o planeta Terra.Prescindimos de uma nova política do país, do Estado e, principalmente, do Município, do corpo, da mente e da sociedade. Nossa qualidade de vida dependerá daqui pra frente do poder para o povo: um a um.”
(Marilyn Ferguson)


I - APRESENTAÇÃO

  • Entendendo que a Administração Pública Municipal tem perdido sólidas chances de realizar um trabalho de altíssima qualidade em termos de conquista da melhoria da qualidade de vida das comunidades por elas servidas, tanto em termos de serviços de infra-estrutura social, como nos processos de gestão da coisa pública propriamente dita é que resolvemos desenvolver o presente programa, tendo como laboratório de trabalho a atual gestão municipal dos diversos municípios brasileiros. Buscando assim personalizar a metodologia do trabalho a ser realizado, considerando-se os seguintes aspectos básicos:
    As proporções físicas, geográficas e populacional, seus problemas básicos, complementares e as perspectivas de soluções de cada um deles em termos da dinâmica geral da própria gestão: individual, social, política, ética, cultural, econômico-produtiva, infra-estrutural e ecológica.
    A existência e o nível de consciência crítica e vontade política de seus agentes, o que, em última análise, o presente programa quer vir facilitar e implementar.
    Necessidade de operacionalização de uma nova proposta de ação administrativa frente à problemática que tem sido demonstrada pela gestão pública das cidades de maneira geral, não por responsabilidades pessoais definidas, mas por uma abordagem que requer melhorias e atualizações, podendo se transformar a presente proposta em um modelo de gestão para todo o País, e ser conduzida para congressos e eventos congêneres, e, por fim, objeto de publicações, pesquisas e mídia nacional e até internacional. A pouca evolução em termos da tecnologia da administração municipal dentro da realidade específica da grande maioria de nossas Prefeituras Municipais, sendo necessário a aprendizagem de novas concepções metodológicas de planejamento, ação com vistas ao atendimento dos objetivos e metas do atual processo de gestão municipal no Brasil como um todo. Implementar novos pressupostos de ação orçamentária frente aos rigores da atual crise econômica, tendo em vista a otimização de propostas, atividades e modelos de Gestão Pública Municipal, com vistas a solucionar também este tipo de problemática em nossas gestões públicas municipais.
    Optar por uma nova abordagem (ou paradigma, como preferimos denominar) de Gestão Pública Municipal mais solidariamente responsável e voltada para o atendimento das necessidades e problemas relativos à melhoria da qualidade de vida humana em sociedade no cômputo da administração pública municipal específica com a qual se trabalha.
    Um dos grandes problemas que o País atravessa é justamente causado pela falta de seriedade, de assertividade e de atualização dentro dos processos de administração da coisa pública, o que ainda mais se intensifica no caso da gestão municipal, onde, de fato, a realidade humana e social acontecem. Pois, em termos vivenciais e cotidianos o Estado, e mesmo, a Nação são apenas abstrações da visão teórica das ciências políticas e dos processos de legislação e exercício dos poderes políticos nas diversas áreas e esferas.Analisando mais friamente, fica claro que o que existe de fato, é, apenas e simplesmente, a cidade, o município e suas dimensões físicas concretas, para onde deveriam ser concentrados os poderes e recursos que pudessem favorecer à melhoria contínua da qualidade de vida das pessoas de uma maneira geral, em se considerando as áreas e atividades-meio-e-fim da ação governamental. Sociedade não existe. O que existe é a pessoa com suas conjunturas, aspectos, necessidades e carências. Assim, o que é o Estado, senão uma estrutura administrativa e burocrática? A cidade sim, esta existe, com limites sólidos e demarcados, com necessidades e carências físicas, reais.
    Afinal, quais são de fato as áreas de ação humana e social de responsabilidade do governo, e, mais especificamente ainda do Governo Municipal? O paradigma desta tipologia de gestão está de fato definido?
    Este é um referencial teórico-prático que direcione ações, políticas e diretrizes neste sentido ou as gestões das Prefeituras vêm sendo feita dentro de uma concepção empírica de ensaio e erro, gerando dificuldades muitas, gastos infindos, desperdícios de meios, bens, recursos, valores e talentos? Há como se pensar esta conjuntura e definir, enfim, novos meios de ação capazes de minimizar esta problemática, ajustar os gastos, despesas, ganhos e lucros políticos, sociais, administrativos e econômicos?
    Enfim, a Gestão Municipal tem dado respostas satisfatórias ao seu possível ciclo de evolução laboral, técnica, metodológica e política propriamente dita ou há correções e ajustes mais que urgentes a serem feitos no sentido de se corrigir sérias falhas e defasagens historicamente acumuladas ao longo da história econômica, política e administrativa brasileira?
    Como repensar a gestão dos serviços públicos municipais para além o estereótipo simplista da prestação de serviços que visem prioritariamente o bem-estar e a saúde financeira de seus agentes e autoridades, sobretudo os gerenciadores dos vários poderes executivos, legislativos e até do judiciário em nível municipal?
    O diferencial das condições pessoais de quem conduz e operacionaliza o serviço público precisa ser repensado urgentemente?
    Os privilégios pessoais descontextualizados da realidade macro, as condições de vida, o conforto doméstico, a segurança, o status quo dos governantes e seus assessores, familiares e agentes diretos da própria gestão precisa ser estudo e considerado profundamente no cômputo dos processos administrativos?
    É mais que necessário considerar este aspecto no jogo de poder, na esfera municipal e nas demais. É possível “por exemplo” que um Deputado represente o povo desempregado, sem renda e que ganhe um salário mínimo, quando recebe milhares de vezes mais?Quem ganha como elite é elite, governa para a elite, beneficia a elite e a massa preterida passa a combatê-la, a destruí-la, a se manifestar contra ela, em crimes, corrupção, greves, etc. daí a crise e a necessidade de se encará-la dentro dos processos aqui sugeridos.De que forma otimizar propostas? Como, quando e quem vai estabelecer as políticas e diretrizes de ação? Com que quadro de referência nossas Prefeituras têm trabalhado? Que problemas se acumulam e por quê? Entendemos que a pobreza ideológica, o absoluto descaso com estas questões e o despreparo crítico e político destas pessoas são os elementos principalmente responsáveis por este conjunto de disfunções, algumas delas até consideradas como sérias e definitivas para o futuro histórico destas mesmas comunidades assistidas. Sendo igualmente este o ponto de crucial importância e que o presente projeto se propõe a atacar, possibilitando aos agentes da Administração Pública Municipal a oportunidade de, em conjunto, repensar, refletir e refazer este conjunto de coisas definitivamente inadiáveis.Tudo isto sem falarmos na problemática específica tais como as de teores ecológicos (poluição do ambiente, do ar, da água, dos mananciais, degradação da natureza e destruição da fauna e flora), as políticas sociais para a juventude e a terceira idade, os pressupostos filosóficos da qualidade da educação, a saúde pública, a infra-estrutura das cidades em termos de saneamento básico e complementar de uma maneira geral, garantindo um mínimo de conforto e segurança para todas as pessoas e não apenas, da classe média para cima. Os problemas com o trânsito, as endemias, a hiperpopulação, o aquecimento ambiental, o tratamento do lixo, da água, o controle do uso e do tráfico de drogas, sexualidade, a segurança pública, a violência urbana galopante, o setor judiciário e cumprimento de leis, etc.A compreensão geral não pode ser outra de que a situação é realmente muito grave, já sendo quase que demasiadamente tarde demais. É, portanto, necessário tomarem-se medidas urgentes e imediatas que devem se iniciar basicamente com um novo e profundo processo de conscientização/capacitação das pessoas que atuam nos vários níveis e segmentos administrativos das Prefeituras, buscando torná-las bem eficientes, eficazes e efetivas para o Processo da Gestão Municipal que o atual contexto brasileiro passou a exigir, notadamente nos últimos tempos, antevendo suas especificidades, necessidades e problemas. Gerindo, por assim dizer, ações efetivamente assertivas, em comum acordo com a comunidade municipal, para a minimização de custos e dificuldades e a otimização de soluções, atendendo ao máximo de pessoas e de classes sociais daquela municipalidade.
II - JUSTIFICATIVA
  • Historicamente o Processo de Gestão Municipal (e também o estadual e federal que via de regra, acontecem da mesma forma) vem sendo concretizado apenas no sentido de garantir os direitos e benesses de seus executores, bem como a perfeita saúde econômico-financeira destes. O que tem levado as cidades ao caos e à insustentabilidade em todos os sentidos.
  • A saída passa por caminhos efetivamente mais democráticos, com mais representatividade popular, sendo auscutadas mais pessoas e elementos representativos legítimos dos vários segmentos sociais assistidos pelo processo de gestão, no caso, do município.É necessário, portanto, legitimar um sistema majoritário de ter voz e vez na definição das prioridades administrativas da municipalidade, no sentido de se orientar o plano de ação do fazer administrativo das Prefeituras a serviço da busca e da conquista de soluções otimizadas, ou sejam, aquelas que agreguem mais benefícios para mais pessoas, independente das categorias sociais, das tendências ou momentos históricos, causando, então, os menores impactos negativos possíveis.
  • Desde que estas mesmas soluções, políticas e diretrizes, sejam escolhidas mediante a concepção e um conhecimento social e político devidamente mais aguçado, com sensibilidade humana, com entendimentos filosófico e ideológico mínimos dos elementos que se inserem direta ou indiretamente no mesmo processo.Nesta abordagem, faz-se necessário que seja levantado um bom e suficientemente, múltiplo e democrático diagnóstico das necessidades e problemas da população da cidade.
  • Ou seja, um diagnóstico integral, definido por segmentos e representações o mais autênticas possíveis da totalidade da população, em termos técnicos, humanos e sociais e interagindo totalmente com a complexidade dos problemas para os quais a Gestão Pública Municipal tem sua finalidade.
  • Optaremos assim por uma metodologia que agregue o levantamento dos possíveis problemas em cada uma das áreas atinentes ao serviço público municipal. E, frente a este levantamento, partiremos para a segunda etapa: a de priorização dos problemas para os quais serão buscadas as soluções mais satisfatórias e que, espera-se, sejam aplicadas dentro de um cronograma de trabalho a ser sugerido e competentemente aprovado.Consideramos como prioridade a escolha dos problemas tidos como os mais importantes e consistentes para o bom e satisfatório manejo da Gestão Municipal frente à sua especificidade e momento, buscando atingir o leque maior possível do campo de ação da administração municipal. O levantamento e a seleção dos problemas devem ser feitos pelos segmentos o mais representativos possíveis – e que constituam o grupo de trabalho direto do presente programa - em função da subjetividade dos raciocínios, a diversidade humana e as múltiplas situações em que estão submetidas os habitantes da comunidade municipal.
  • Neste caso, o referencial ideológico é por nós considerado como fundamentalmente importante e, infelizmente, por razões de poder ou de falta de visão humana, política, crítica e administrativa, não tem sido nunca colocado em pauta, daí, ao nosso ver, o grande, o maior, talvez o único problema para o qual o presente programa se propõe a buscar soluções pertinentes e eficazes.Isto requer uma explicação ao mesmo tempo psicológica e sociológica.
  • E para atingirmos o seu fim didático, exemplificamos da seguinte forma: um prefeito ou um secretário municipal, por exemplo, são pessoas que têm uma posição social privilegiada em relação à maioria absoluta da população – enormemente pobre – a que representa. Ora, quem não sofre tais problemas na pele tem uma visão diferente de quem os sofre. E, na verdade as soluções são elencadas e implementadas pelos indivíduos que não sofrem o problema. Temos também os fatores do inconsciente das pessoas e a competitividade delas, o que acaba por definir do lado contrário da questão, não acontecendo nunca as soluções esperadas, daí mais problemas, caos, insatisfações e dificuldades que se repetem num ciclo ainda maior e mais complexo.
  • Isto não faz parte de um substrato de maldades que, a princípio, seria horrendamente cruel, mas é elemento do componente antropológico da raça humana em todos os segmentos. O grande problema é que as classes privilegiadas se negam bravamente, por um fator de competição, e, para não fugirem da própria zona de conforto, a enxergarem e aceitarem este tipo de situação e de problema.
  • Perpetuando assim as calamidades e as grandes catástrofes que se acumulam ao longo dos Processos da Administração Pública em todo o País, e, infelizmente, em quase todas as dimensões do dito mundo contemporâneo civilizado.Na maioria das vezes, o que emperra o processo é a própria gestão dos processos ideológicos, em outras palavras, pelo jogo de poder, a falta de consciência, de conhecimento, de domínio técnico, de vontade política, de empatia, de compaixão e outros sentimentos nobres, para a absoluta maioria dos políticos em todas as esferas e setores, cabendo a nós, neste trabalho o desdobramento da situação dos governos municipais, propondo sérias, consistentes e imediatas alternativas de solução.
III - OBJETIVOS DO PROGRAMA
3.1 - Geral:
  • Qualificar/conscientizar/motivar técnica, política, humana, social e ideologicamente um grupo de servidores dos vários segmentos da Prefeitura, Câmara Municipal e Representantes da Comunidade (com metodologia de efeito multiplicador, capacitando o grupo para repassar o programa para os demais servidores) para participarem efetivamente da construção de um Plano Norteador da Atual Gestão Municipal com vistas ao atendimento das expectativas políticas de toda a sociedade. Buscando a melhoria concreta da qualidade de vida da população, da infra-estrutura do município e a satisfatória eficiência dos processos de gestão devidamente integrados e aplicá-lo gradativamente de conformidade com as condições e interesses da Gestão Municipal.
3.2 - Específicos:
  • Discutir os planos e concepções teóricas e práticas dos modernos paradigmas da Gestão Municipal para o Brasil de hoje, em termos técnicos, econômicos, humanos, sociais, políticos e ideológicos devidamente adaptados à cada realidade específica.
  • Trabalhar os elementos humanos, sociais e psicológicos relativos aos processos da Gestão Pública Municipal e suas especificidades, considerando o teor da competitividade, os fins confessos e não-confessos que legitimam os processos da gestão da coisa pública em nível dos municípios.
  • Identificar as tipologias de personalidades e os conflitos humanos relativos à questão do exercício do poder na gestão do município e os seus resultados decorrentes, no bojo da própria Administração Municipal.
  • Conhecer os instrumentos da psiquê humana frente aos processos de comando e lideranças, bem como as interferências diretas no sentido da autocrítica e a definição das políticas e diretrizes mais apropriadas e adequadas para a maioria absoluta da população.
  • Proceder ao levantamento e a priorização das principais necessidades e problemas do município frente às especificidades do trabalho, subsidiando assim a implementação de um novo Plano de Trabalho para a Gestão Municipal.
  • Fazer a análise processual dos problemas priorizados, identificando suas causas, efeitos, processos, resultados e as interferências negativas, dificultadoras do sucesso desejável do plano de gestão dentro dos referencias técnicos e ideológicos uma vez adotados.
  • Propor soluções devidamente otimizadas por meio de uma eficiente Matriz Vetorial de Problemas e Operações a ser implementada no plano diretor de ação governamental da cidade.
  • Elencar políticas e diretrizes de ação que poderão fazer parte do Novo Plano de Trabalho da Gestão do Município em termos dos atributos legais de ação da Prefeitura, conforme o atendimento das especificidades trabalhadas e o objetivo maior do plano de ação definido pelo grupo.
  • Apresentar um efetivo Plano de Trabalho para a Gestão Municipal Específica, com agendas, propostas e sub-propostas nos vários campos de ação da Prefeitura, com um cronograma devidamente aprovado, plano de supervisão, atividades, recursos, coordenações e técnicos responsáveis, acompanhando, supervisionando e corrigindo possíveis falhas e defasagens decorrentes de sua aplicação.
IV - METODOLOGIA DE TRABALHO
  • O projeto tem como propósito uma modalidade de intervenção organizacional na Gestão da Prefeitura, partindo da conscientização, capacitação e motivação das pessoas envolvidas para este intento, dentro das concepções dos novos paradigmas definidos como filosofia do programa. Entendemos aqui que sem qualquer um destes aspectos torna-se impossível a realização da presente proposta, dentro do padrão de qualidade básico a que ela se destina. No geral, as pessoas não são devidamente conscientizadas, por isso falta capacitação, culminando com a desmotivação absoluta para tais atividades, levando assim ao caos que tentamos suplantar com este programa, que tem por finalidade a melhoria da qualidade do produto e do Processo de Gestão da Prefeitura Municipal.

  • De acordo com os novos pressupostos, a devida orientação técnica, favorecida pelo indispensável campo de motivação e vontade política são fatores absolutamente fundamentais e indispensáveis para a implementação de um programa de trabalho com o nível de qualidade aqui proposto. O grande mal de tudo é a inconsciência que gera a ingenuidade, que, por sua vez, leva a apatia e vivemos num tempo em que nenhuma destas coisas pode ser ao menos tolerada, permitida, e, muito menos induzida pelos instrumentos de gestão, entremeados em suas concepções, métodos, processos burocráticos, administrativos ou legais. Sendo preciso igualmente favorecer a um outro tipo de liderança mais amena, democrática, humanamente responsável e pró-ativa em termos da consecução da qualidade de vida das pessoas e da melhoria contínua das estruturas vivenciais, conjunturais e políticas dos municípios.
Desta forma, a metodologia do trabalho será definida a partir das seguintes fases e etapas seqüenciais:
4.1 – Seleção do grupo de pessoas que participará do Workshop:
Devendo ser constituído de: políticos (seus representantes legítimos) e profissionais dos vários escalões da Prefeitura; secretários municipais, servidores, vereadores e representantes dos vários segmentos sociais (média ideal de 35 (trinta e cinco) pessoas).
4.2 – Workshop Básico de Implementação do Projeto:
Duração: (proposta de 40 (quarenta) horas-atividade, prioritariamente intensivas, ou em dois finais de semana consecutivos, conforme possibilidades e favorecimentos de ambas as partes (sendo negociado no próprio processo). Sendo necessário e conforme a especificidade de cada gestão serão realizados mais Workshops Básicos, visando a qualificação de um maior número de pessoas ou será reforçada a metodologia de repasse e multiplicação dos efeitos do programa desenvolvido, o que será definido caso a caso.
4.2.1 - Programa do Workshop:
  • Definição das normas técnicas de funcionamento do próprio programa, atendendo aos pressupostos democráticos do mesmo.
  • - Distribuição do texto: O poder correto, de Marilyn Ferguson, que deverá ser lido por todos, resenhado e apresentada a síntese até o final do evento, como complementação do seu referencial teórico.-
  • Concepções teóricas e práticas dos atuais Processos de Gestão Municipal: perspectivas, propostas, modelos, dificuldades, pressupostos históricos técnicos e operacionais.
  • Estudo das concepções estruturais e individuais nos processos de gestão, gerenciamento e administração municipal.- Jogos de poder e competitividade humana nos processos de gestão: grupos e equipes, pressupostos ideológicos, posturas e perigos do inconsciente.
  • Ideologia e processos de poder como fundamentos imprescindíveis na dinâmica dos processos de gestão do município.
4.2.2 - Levantamento das Necessidades e Problemas na Gestão Municipal Específica:
  • Priorização dos problemas a partir do referencial adotado pelo programa desenvolvido.- Análise processual dos problemas em termos de causas, efeitos, processos e resultados. Discussão e elaboração do quadro analítico. Montagem da Matriz Vetorial de Problemas e Operações (propostas de soluções e levantamentos dos impactos positivos e negativos no meio social onde se atua).- Definir os mínimos operacionais com os quais trabalhar: a) O que fazer? b) Como fazer? c) Quem vai fazer? d) Para que e para quem fazer? d) Quem se beneficia e quem se prejudica com o que vai ser feito? e) Quanto vai custar? Eventuais surpresas e novas medidas de correção?- Elaboração do Plano Final de Trabalho da Nova Gestão Municipal (metodologia de elaboração de projetos) que deverá nortear as perspectivas de coordenação, responsabilidade técnica, acompanhamento e correção de possíveis falhas e defasagens.
4.3 – Propostas de Implementação do Projeto:

  • Seleção do grupo experimental que participará do workshop básico de trabalho devendo ser adotado um método mais aberto e multifacetado possível de escolha, de forma a atender aos pressupostos democráticos do programa.
  • Realização do workshop – com no mínimo 40 (quarenta) horas de trabalho, qualificando, conscientizando e motivando devidamente as pessoas para este novo processo de Gestão Municipal.
  • Elaboração de um Novo Plano de Trabalho para a Gestão do Município de forma a subsidiar técnica e politicamente os programas de ação da Prefeitura Municipal.
  • Submeter o Novo Plano à aprovação da administração pública municipal, fazer as adequações necessárias, desde que não fira aos ideais éticos, filosóficos, ideológicos e políticos do programa, possibilitando assim a sua implementação e as melhorias esperadas.
  • Implementar o programa dentro da forma concebida, considerando as adequações realizadas, procedendo assim as mudanças necessárias dentro do Novo Plano de Ação aqui definido.
    Corrigir possíveis falhas e defasagens decorrentes do próprio processo de implantação, buscando a interação permanente das novas propostas aqui apresentadas.
  • Promover novos workshops, cursos, congressos, seminários, palestras no sentido de melhor qualificar e atualizar as pessoas (em regime de acompanhamento), não deixando que se defase as concepções metodológicas e as atualizações políticas do programa, atendendo à contemporaneidade gradativa do mesmo.
  • Redação e publicação do relatório anual das atividades do programa para o conhecimento de todo o público, a participação efetiva de toda a comunidade e o reestudo de implementação do programa nos novos exercícios e assim sucessivamente.

4.4 – Currículum Simplificado do Facilitador do Projeto:

Antonio da Costa Neto – Administrador, com Especialização em Gestão Pública, Mestre em Políticas e Planejamento Educacional, Doutorando em Sociologia da Contemporaneidade Urbana, consultor, palestrante, professor universitário e pesquisador nas áreas de gestão pública, empresas e educação. Autor de livros na área, artigos, ensaios e resenhas. Concebeu, implantou e coordenou diversos projetos de pesquisa e qualificação de pessoas nas áreas de gestão municipal, políticas públicas e educação superior.

4.5 – Condições Operacionais (a decidir):

Incluindo os meios gerais de trabalho, remuneração da carga horária trabalhada, instalações, reprodução do material didático-pedagógico e demais custos que por ventura possam ocorrer e que serão negociados oportunamente, caso a caso. Ficará sempre sob responsabilidade do contratante as despesas relativas meios, recursos, local, locomoção e acomodação dos profissionais devidamente envolvidos em quaisquer das etapas do processo.

V – CONSIDERAÇÕES FINAIS


Sabemos que o presente programa é fundamentalmente polêmico. Mexer com as questões do poder estabelecido, com as benesses das elites é historicamente uma coisa muito difícil, diria eu, quase impossível. Infelizmente, e, por isso mesmo, vemos nosso País e o mundo se sucumbir ao mais absoluto caos, a uma crise sem precedentes em todos os sentidos.
São sucessivas mortes em todas as dimensões do Planeta, crimes inusitados e quase já em nossas portas – e a qualquer hora, em nossas casas – guerras descabidas, imtempéries da natureza, com estrondosas secas, enchentes, terremotos, vendavais, aquecimento do ambiente mundial, poluições, endemias, doenças incuráveis, hiperpopulação, trânsito caótico, falta de espaço, poluição, desastrosa distribuição de renda, educação precária, desemprego, miséria, fome, péssima assistência à saúde das pessoas, habitação precária, educação de péssima qualidade, declínio da economia etc., levando a vida a padrões quase insustentáveis.

Enfim, não temos outra saída senão buscar mudanças profundas, embora possam significar inquietações e desconfortos para alguns segmentos.Infelizmente não há mais o que esperar para se tomar medidas absolutamente fundamentais em todos os sentidos e segmentos da sociedade. Não é só a administração pública que sofre deste conjunto de impropriedades, todas as instituições, organizações, entidades, grupos, classes sociais, passam por uma crise endêmica e sem precedentes. É notório o atraso das concepções da humanidade.Nossas escolas, igrejas, estruturas e conjunturas de trabalho, famílias, justiça, leis, processos de gestão, enfim, tudo necessita ser repensado e com toda a profundidade e com a maior urgência possível.
Portanto, precisamos começar de algum ponto, de alguma frente, e, por uma questão de conveniência estratégica, estamos propondo um início pela via da Administração Municipal.Queremos deixar claro que nosso objetivo não é, de forma alguma, competir com processos de poder, pessoas ou equipes. Pelo contrário, entendemos que é mais que necessário fazer alguma coisa, retomar os processos, reconduzir os sistemas. Não podemos ver o mundo sucumbir ao caos, de braços cruzados. Sabemos que com a presente proposta podemos contribuir muito com a qualidade de vida das pessoas, mas ao mesmo tempo, temos a consciência da grande dificuldade que iremos enfrentar para colocar o presente projeto em prática, pois no papel ele não passa de meras intervenções teóricas que quase nada significam.

Já passamos muito da hora de sistematizar os conflitos necessários. “Não se faz omelete sem que sejam quebrados os ovos”. Da mesma forma, não podemos congregar a melhoria da qualidade da vida de toda a população sem ferir ao famigerado status quo das elites, a concentração absurda e bem-estar, poder de mando e acesso à renda e recursos econômicos.Prescindimos de repensar a questão do poder. Isto faz parte do nosso compromisso como cidadãos, como seres conscientes deste conjunto de processos.
Temos uma responsabilidade sistêmica ao entender que tudo se liga a tudo e até mesmo, uma resposta espiritual que haveremos de dar, uma vez que responderemos pelo mal decorrente do bem que, por ventura, deixarmos um dia de fazer.Estamos identificando o Programa como de Modernização Administrativa da Gstão das Prefeituras Municipais, tendo como objeto real à capacitação técnico-política e a motivação das pessoas para a mudança dos paradigmas específicos, que prevemos como necessários e inadiáveis frente à vasta gama dos problemas do mundo e as perspectivas terríveis vislumbradas para o Planeta num curso espaço de tempo. Principalmente se considerarmos as conjunturas históricas.


Não podemos perder mais um minuto de tempo. A vida cobra-nos, muito e alto. Temos de repensar e, principalmente, refazer os processos vivenciais e com eles a Administração Municipal que é o campo que ora nos cabe. Vislumbrar que, com isto, possamos merecer melhorias concretas, paz, serenidade, desenvolvimento, sendo, acima de tudo agentes da busca da felicidade dos seres vivos sobre a terra. Inclusive, cada um de nós e nossas famílias pois igualmente nos encontramos expostos a tudo isto. Administrar e planejar a Gestão Municipal com muita competência técnico-política, paz, empatia, serenidade e amor é, com certeza, o grande desafio político do Século XXI. E não podemos, sob pena de garantia de nossa própria sobrevida, nos mantermos defasados e ultrapassados frente às novas exigências que nos é feita pela nova ordem mundial que ora se desencadeia. Vamos a ela.



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quarta-feira, 12 de março de 2014

ECOLOGIA PROFUNDA: UM NOVO E FASCINANTE PROCESSO DE GESTÃO



                                      




                                 ECOLOGIA PROFUNDA: 
                                        Um Novo Renascimento



                                                                (*)Fritjof Capra


Só uma mudança radical na percepção dos males planetários, acima de diferenças sociais, culturais e raciais, pode garantir a vida das gerações futuras em um mundo sustentável. Hoje, a maioria das pessoas concorda que os anos 90 constituem uma década crítica, perdida. A sobrevivência da humanidade e do planeta está em risco. Os anos 90 e os primeiros 50, dos anos 2000 – no mínimo – representam seis décadas do meio ambiente.
Não porque nós decidimos assim, mas por causa de acontecimentos que quase fogem ao nosso controle. A preocupação com o meio ambiente não é mais uma entre muitas questões; ela é o contexto de tudo mais: nossas vidas, nosso trabalho, nossa política, educação, paz interior, enfim, tudo. Estamos hoje diante de uma série de problemas globais que prejudicam a biosfera e a vida humana de maneiras tão alarmantes que logo podem se tornar irreversíveis. Temos vasta documentação sobre a extensão e significado desses problemas.
Uma das melhores fontes é a série de relatórios anuais State of the World (Situação do Mundo), publicada pelo Worldwatch Institute (Instituto de Vigilância Mundial). Na avaliação da “saúde ambiental” do planeta estes relatórios observaram as mesmas tendências alarmantes ano após ano. As florestas do mundo estão desaparecendo, enquanto os desertos se expandem. A camada superior das terras cultiváveis está diminuindo, enquanto a camada de ozônio, que nos protege dos raios nocivos ultravioletas é destruída. A concentração de gases retentores de calor está aumentando enquanto o número de espécies de plantas e animais diminui.
A população mundial continua crescendo. E a diferença entre ricos e pobres, também. Vertiginosamente, a população cresce numa proporção aritmética, tendo como base a adição. Mas a concentração de poder e riqueza explode em proporção geométrica, ou seja, multiplicando número por número. Assim, aumenta significativamente o número de pobres que são cada vez mais pobres, mais miseráveis. Enquanto o número de ricos aumenta pouco em unidades, mas se tornam muito mais ricos.
Daí a contínua socialização dos problemas, da fome, da miséria, o que requer uma profunda mudança de paradigmas no contexto da gestão da gestão pública, e, principalmente, na administração da economia e das finanças no âmbito humano de suas relações. Quanto mais observamos os grandes problemas do nosso tempo, mais percebemos que não podem ser resolvidos isoladamente.
São problemas sistêmicos – inter-relacionados e interdependentes. Estabilizar a população do mundo só será possível quando a pobreza for mundialmente reduzida. A extinção de espécies animais e vegetais continuará em escala maciça enquanto o Terceiro Mundo estiver sobrecarregado de dívidas. Somente interrompendo a escalada armamentista teremos recursos para evitar os numerosos impactos destrutivos sobre a biosfera e a vida humana. Se observarmos atentamente a situação perceberemos que, em última instância, tais problemas são apenas diferentes facetas de uma única grande crise, que é, em essência, uma crise de percepção. Ela resulta do fato de a maioria de nós, especialmente nossas grandes instituições sociais, adotarmos conceitos de uma visão de mundo ultrapassada: uma percepção da realidade inadequada para lidar com o nosso mundo atual, superpovoado e globalmente inter-relacionado. Ao mesmo tempo, pesquisadores da ciência mais avançada, vários movimentos sociais e numerosas redes alternativas estão desenvolvendo uma nova visão da realidade, que constituirá a base de tecnologias, sistemas econômicos e instituições sociais futuros.
De maneira que estamos no começo de uma transformação fundamental de visão de mundo na ciência e na sociedade; uma mudança de paradigmas tão radical quanto a revolução de Copérnico. O paradigma que vai chegando ao fim dominou nossa cultura por vários séculos, durante os quais configurou a sociedade moderna ocidental e influenciou significativamente o resto do mundo. Esse paradigma consiste em uma série de idéias e valores, entre eles a visão do universo como um sistema mecânico composto de estruturas elementares, a visão do corpo humano como uma máquina, a visão da vida em sociedade como uma luta competitiva pela existência, a crença no progresso material ilimitado a ser alcançado pelo crescimento econômico e tecnológico e – por último, mas não menos importante – a crença de que uma sociedade na qual a mulher é em toda parte subordinada ao homem segue uma lei básica da natureza. Todas estas suposições têm sido categoricamente desafiadas por acontecimentos recentes. E, na verdade, elas estão passando por uma revisão radical.
  • Um Fio na Teia da Vida – O novo paradigma, que pode ser chamado visão holística do mundo, vê o mundo como um todo integrado e não, como uma reunião de partes dissociadas. Também pode ser chamado de visão ecológica, se o termo “ecológico” for usado em sentido muito mais amplo e profundo que o habitual. Este sentido mais amplo e profundo do “ecológico” está associado a uma escola filosófica específica e, além do mais, a um movimento global radical conhecido como “ecologia profunda”, que vai rapidamente ganhando destaque. A escola filosófica, fundada pelo filósofo norueguês Arne Naess no início dos anos setenta, distingue ambientalismo superficial de ecologia profunda.
Esta distinção hoje é largamente aceita como terminologia útil para referir-se à grande divisão dentro do pensamento ecológico contemporâneo. O ambientalismo superficial é antropocêntrico. Vê o homem acima ou fora da natureza, como fonte de todo valor, e atribui à natureza apenas um valor instrumental ou de uso. A ecologia profunda não separa do ambiente natural o ser humano nem qualquer outro ser. Não vê o mundo como um aglomerado de objetos isolados, e sim, uma teia de fenômenos essencialmente inter-relacionados e interdependentes. A ecologia profunda reconhece os valores intrínsecos de todos os seres vivos e vê os seres humanos como apenas um fio particular na teia da vida.
Ela reconhece que estamos todos inseridos nos processos cíclicos da natureza, e, em última instância, somos dependentes deles. Finalmente, a consciência ecológica profunda é espiritual ou religiosa. Uma vez que o conceito de espírito humano é entendido como o modo de consciência no qual o indivíduo sente-se conectado com o cosmos enquanto um todo, torna-se claro que a consciência ecológica é espiritual em sua essência mais profunda. Não surpreende portanto, que a nova visão emergente da realidade, baseada na consciência ecológica profunda, seja coerente com a chamada “filosofia perene” das tradições espirituais – quer estejamos nos referindo à espiritualidade dos místicos cristãos, dos budistas, ou à filosofia e cosmologia subjacentes às tradições dos nativos americanos.
A teoria científica dos sistemas vivos, que se originou da cibernética nos anos quarenta do século XX, mas que emergiu por completo apenas nos últimos vinte e cinco anos mais ou menos, fornece a formulação científica mais apropriada de ecologia profunda, ou paradigma ecológico. Esta teoria vê o mundo em termos de relações e integração. Sistemas vivos são conjuntos integrados, cujas propriedades não podem ser reduzidas as das unidades menores. Exemplos de sistemas abundam na natureza.
Cada organismo – da menor bactéria, passando pela vasta série de plantas e animais, até os seres humanos – é um todo integrado e, conseqüentemente, um sistema vivo. Células são sistemas vivos, como também o são os vários tecidos e órgãos do corpo: o cérebro humano é o mais complexo. Mas os sistemas não se restringem a organismos individuais e suas partes. Os mesmos aspectos de totalidade são exibidos pelos sistemas sociais – como a família ou a comunidade – e por ecossistemas que consistem de uma variedade de organismos e matérias inanimadas em mútua interação.
Todos estes sistemas naturais constituem totalidades cujas estruturas específicas surgem das interações e interdependência de suas partes. As propriedades do sistema são destruídas quando ele é dissecado, física ou teoricamente, em elementos isolados. Embora possamos discernir as partes individuais em cada sistema, a natureza do todo é sempre diferente da mera soma de suas partes. Por isso, a abordagem dos sistemas não se concentra em blocos isolados, mas sobretudo, nos princípios básicos de organização.
  • Mudando Para a Integração – Como os sistemas vivos cobrem uma ampla série de fenômenos – organismos individuais, sistemas sociais e ecossistemas – a teoria fornece uma estrutura e uma linguagem comuns para a biologia, a psicologia, a medicina, a economia e muitas outras ciências; uma estrutura na qual a tão urgente perspectiva e ecológica está explicitamente manifesta. Uma propriedade dos sistemas vivos é a de formar estruturas de múltiplos níveis dentro dos sistemas. Cada uma delas forma um todo com relação às suas partes e, ao mesmo tempo, é parte de um todo maior.
Assim, células combinam para virar tecidos, tecidos para formar órgãos e órgãos para formar organismos. Estes, por sua vez, existem dentro de sistemas sociais e ecossistemas. Por todo o mundo vivo, encontramos sistemas vivos residindo dentro de outros sistemas vivos. Uma das vantagens da abordagem dos sistemas é o fato de os mesmos conceitos poderem ser aplicados em diferentes níveis de sistemas, o que, com frequência, leva a diferentes insights. Até aqui enfatizei as percepções e o pensamento.
Mas a ecologia profunda requer não apenas uma mudança de nossas percepções e maneiras de pensar. Ela também pede uma mudança correspondente em nossos valores e ações. E aqui é importante notar a impressionante relação entre mudança de pensamento e de valores. Ambas podem ser vistas como a passagem da auto-afirmação para a integração. Estas duas tendências – a de auto-afirmação e a de integração – constituem aspectos essenciais de todos os sistemas vivos. Nenhuma das duas é intrinsecamente boa ou má. O que é bom ou saudável, é um equilíbrio dinâmico entre as duas; o que é mau ou não-saudável, é o desequilíbrio, a ênfase exagerada em uma tendência e a negligência da outra.
No antigo paradigma, enfatizamos exageradamente os valores e modos de pensar auto-afirmativos e negligenciamos seus correspondentes integrativos. Existem diferenças de cultura para cultura; contudo, o que estou sugerindo não é a substituição de um modo por outro, e sim, o estabelecimento de um melhor equilíbrio entre os dois. O pior, é que boa parte de nossas instituições estão conseguindo disfarçar com base no discurso, ou na implantação de medidas isoladas do pensamento integrativo – que na verdade, se anulam no seu cotidiano – e assim, empresas, instituições e pessoas já pensam e se dizem estar no caminho certo, tendo com isto, um álibi perfeito para continuarem a solapar muito mais a economia, explorar as pessoas, devastar a natureza e assim por diante, estando, portanto, muito mais a serviço da degradação e do caos.
Claro que precisamos de muito, mas muito mais do que isto mesmo. Tendo isso em mente, vamos analisar as várias manifestações da passagem da auto-afirmação para a integração. No que concerne ao pensamento estamos nos referindo à passagem do pensamento racional para o intuitivo, da análise para a síntese, do reducionismo para o holismo, do pensamento linear para o não-linear e complexo, da tendência materialista para a espiritual, do comprometimento elitista para uma visão global de sociedade, buscando beneficiar a todos e não a segmentos estanques. No que concerne aos valores, estamos observando a uma transição correspondente da competição para a cooperação, da expansão para a conservação, da quantidade para a qualidade, da dominação para a parceria. E claro, relativizando tudo isto para a prática, o cotidiano, as ações concretas de cada um e do todo o potencial humano atuante num mesmo, ou em múltiplos processos.
Pode-se notar que os valores auto-afirmativos – competição, expansão, dominação, etc. – estão, em geral, relacionados com os homens. De fato, na sociedade patriarcal, eles não são apenas privilegiados, mas têm também recompensas econômicas e poder político. E esta é uma razão pela qual a mudança para um sistema de valores mais equilibrados é tão difícil para a maioria das pessoas, e, sobretudo, para a maioria dos homens. Este é também um forte motivo de uma aproximação natural entre a ecologia profunda e o feminismo, conforme expresso no ecofeminismo.
  • Oikos, Nosso Lar Terreno – Toda a questão dos valores é crucial para a ecologia profunda, ela é, de fato; a característica central que a define. Enquanto todo o velho paradigma, incluindo o ambientalismo superficial, está baseado em valores antropocêntricos (isto é, centrados no homem), a ecologia profunda se baseia em valores ecocêntricos (ou seja, centrados na terra). É uma visão de mundo que reconhece o valor inerente da vida não-humana. Todos os seres humanos são membros de Oikos, o Lar Terreno; a comunidade mundial que se une por uma rede de interdependências.
Quando essa profunda percepção ecológica tornar parte de nossa consciência cotidiana, um sistema ético radicalmente novo emergirá. Tal ética ecológica profunda faz-se urgente hoje, especialmente na ciência, já que a maior parte do que os cientistas estão fazendo não é no sentido de promover e preservar a vida, mas destruí-la. Com físicos criando sistemas armamentistas que ameaçam varrer a vida do planeta, químicos contaminando o meio ambiente, os mananciais de água e de recursos naturais renováveis ou não, criando o efeito estufa, o aquecimento global do planeta; biólogos criando novos e desconhecidos tipos de micro-organismos que se transformam em vírus nocivos sem saberem ou se responsabilizarem pelas consequências; psicólogos e outros cientistas torturando animais em nome do progresso científico. Com todas estas atividades em andamento, revela-se importantíssimo introduzir novas posturas éticas na ciência moderna, num tempo em que já é quase tarde demais.
Em geral, na nossa cultura, não se reconhece que os valores não são periféricos à ciência e à tecnologia, mas constituem sua base ou força propulsora. Durante a revolução científica do século XVII, os valores eram separados dos fatos e desde esta época tendemos a acreditar que os fatos científicos são independentes do que fazemos, e, portanto, independentes de nossos valores. Na realidade, os fatos científicos emergem de toda uma constelação de percepções, ações e valores humanos – em uma palavra, de um paradigma – dos quais não podem ser separados. Embora boa parte da pesquisa científica possa não depender explicitamente do sistema de valores do cientista, o paradigma maior, dentro do qual a pesquisa é realizada jamais será isento de valores. Os cientistas, portanto, são responsáveis por suas pesquisas, não apenas do ponto de vista intelectual, mas também moral. Por fim, a visão de que os valores são inerentes a toda natureza viva está fundada na experiência ecológica profunda, ou espiritual, de que a natureza e o eu são um só.
Esta expansão do eu até chegar à identificação com a natureza é o fundamento da ecologia profunda, conforme reconheceu claramente Arne Naess: “O cuidado decorre naturalmente se o eu se expandir e aprofundar de maneira que a proteção da Natureza seja sentida e concebida como a proteção a nós mesmos...
Da mesma forma que não precisamos de nenhuma moral para respirar (...), se o seu eu, no sentido amplo, abraçar outro ser humano, você não precisará de nenhuma exortação moral para demonstrar cuidado... Você o fará por você mesmo, sem sentir qualquer pressão moral para fazê-lo... Se a realidade for como é experienciada pelo eu ecológico; nosso comportamento surgirá de maneira natural e graciosa às normas estritas da ética ecológica”. O que isso implica é que a conexão entre a percepção ecológica do mundo e o correspondente comportamento não é uma conexão lógica, mas psicológica. A lógica não nos conduz do fato de sermos parte integrante da teia da vida até certas normas de como deveríamos viver.
Entretanto, se tivermos uma consciência ecológica profunda, ou experiência de sermos parte da teia da vida então seremos (em vez de deveríamos ser) propensos a cuidar de toda a natureza viva, e, especialmente, de todos os nossos irmãos humanos, independente de nacionalidade, raça, cor, condição humana, credo, condição econômica, social, ou sexual. Na verdade, dificilmente podemos deixar de responder desta maneira.
  • Surge o Novo Paradigma – Vou agora falar de outro modo pelo qual Arne Naess caracterizou a ecologia profunda. “A essência da ecologia profunda”, diz ele: “é colocar sempre questões mais profundas. Esta também é a essência da mudança de paradigma. Chegamos a um tempo que é preciso questionar todos os aspectos do antigo paradigma. A ordem é duvidar de absolutamente tudo. Provavelmente não será necessário descartar-se de tudo, mas, antes é preciso saber que se deve estar disposto a questionar tudo. Um outro aspecto importante é o de analisar o aspecto dual das coisas, dos fatos e fenômenos.
Nada é absolutamente bom ou mau para tudo e para todos. O que é bom para o homem pode não ser bom para a mulher, o que agrada o rico pode prejudicar profundamente o pobre e assim por diante. Então devemos nos perguntar sempre ao fazer alguma coisa: - A quem beneficiamos e a quem prejudicamos ao fazermos isto? E o mais ponderado e viável deverá ser escolher uma estratégia, um método, uma forma que seja a menos prejudicial para todos os direta e indiretamente envolvidos no processo.
Portanto, a ecologia profunda coloca questões modulares a respeito dos próprios fundamentos de nossa visão de mundo e nosso modo de vida – modernos, científicos, industriais, voltados para o progresso e materialistas. Ela questiona todo este paradigma de uma perspectiva ecológica; da perspectiva de nossas relações com os outros, com as relações futuras e com a teia da vida da qual fazemos parte.” Uma das áreas mais importantes para ilustrar esta questão é a dos negócios e da economia.
Hoje, o contexto ecológico está se tornando cada vez mais fundamental para os negócios, a economia e a administração. Uma das mais importantes tarefas é a de abandonar a busca cega do crescimento material irrestrito. O crescimento é a principal força propulsora das atuais políticas econômicas e atividades empresariais, e, é, também, o principal elo da destruição ambiental, da crise de valores, da violência, da miséria, enfim, de todos os males do mundo civilizado. O crescimento, é óbvio, é próprio da vida. Entretanto, no mundo vivo ele não tem significado quantitativo, mas qualitativo. Para o ser humano, por exemplo, crescer significa desenvolver-se em direção à maturidade, não apenas aumentando de tamanho, mas também qualitativamente, pelo crescimento interior. O mesmo vale para todos os sistemas vivos. O conceito de crescimento desses sistemas é qualitativo e multidimensional.
Dar qualidade ao crescimento econômico significa estabelecer critérios de desenvolvimento aceitável ou inaceitável. Nos últimos anos, o desenvolvimento sustentável surgiu como um critério central. Lester Brown, do Worldwaltch Institute, que há anos vem sendo um dos principais defensores do desenvolvimento sustentável, define como sociedade sustentável, aquela capaz de satisfazer suas necessidades sem reduzir as chances das futuras gerações e nem prejudicar outros núcleos de vida, bem como as pessoas menos favorecidas. Este, para mim é o principal desafio da sociedade contemporânea: criar ambientes sociais e culturais nos quais possamos satisfazer nossas necessidades sem reduzir as chances das gerações futuras e dos outros segmentos sociais do nosso tempo; dar qualidade ao crescimento econômico, introduzindo o desenvolvimento sustentável como critério chave de todas as nossas atividades.
No Elmwood Institute, estamos empenhados em pesquisas deste tipo junto com um pequeno número de empresas pioneiras em termos ecológicos. Desenvolvemos discussões em mesas redondas, seminários e publicações dentro do que denominamos Ecomanagement Program(Programa de Administração Ecológica). Também aplicamos a abordagem da ecologia profunda na educação em nosso Ecoliteracy Program (Programa de Alfabetização Ecológica), que compreende a elaboração de um currículo escolar orientado para a ecologia, o K-12 e do desenvolvimento de cooperativas comunitárias de educação.
Fazemos isto porque acreditamos que para conseguir a radical mudança de percepção necessária para a sobrevivência da humanidade, numa época já absolutamente tardia, necessitamos de uma ampla campanha pública de educação, discussão e diálogo. Esta é uma iniciativa que transcende as nossas diferenças raciais, culturais, sociais, políticas, religiosas, sexuais, econômicas, ideológicas, enfim, todas. “Ecologia” é a palavra grega para designar “Lar da Terra”. A Terra é nosso lar comum e criar um lar comum para os nossos filhos – que são todos os filhos da Terra – bem como para as gerações do futuro é a nossa tarefa mais importante. É por isso que estamos aqui.
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(*)Físico austríaco radicado nos USA. Recebeu o seu PhD na Universidade de Viena e realizou pesquisas sobre física de alta energia em várias universidades européias e norte-americanas. Publicou inúmeros trabalhos sobre relações da física com a mística e a fenomenologia. É autor de muitos artigos, resenhas, documentários, relatos científicos e livros, entre os quais: O táo da física; O ponto de mutação; A sabedoria incomum; Pertencendo ao universo; A teia da vida e Conexões ocultas.

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MULHERES & ADMINISTRAÇÃO: OS PODERES E OS ENCANTOS DE UMA GESTÃO FEMININA

De manhã cedo
essa senhora se conforma
bota a mesa, tira o pó,
lava a roupa seca os olhos
Ah! Como essa santa
não se esquece de pedir
pelas mulheres, pelos filhos, pelo pão
Depois sorri meio sem-graça
e abraça aquele homem,
aquele mundo
que a faz assim feliz
De tardezinha
essa menina se namora,
se enfeita, se decora,
sabe tudo, não faz mal
Ah! Como essa coisa é tão bonita
ser cantora, ser artista
isso tudo é muito bom
E chora tanto de prazer e de agonia

DE ALGUM DIA, QUALQUER DIA ENTENDER DE SER FELIZ
De madrugada
essa mulher faz tanto estrago,
tira a roupa, faz a cama,
vira a mesa, seca o bar
Ah! Como essa  louca se esquece
quantos homens enlouquece
nessa boca, nesse chão
Depois parece que acha graça
e agradece ao destino aquilo tudo
que a faz tão infeliz
Essa menina, essa mulher, essa senhora
em quem esbarro a toda hora
num espelho casual
é feita de sombra e tanta luz
de tanta lama e tanta cruz
que acha tudo natural





(Essa mulher. Canção de Joyce e Ana Terra.
Lindamente gravada por Elis Regina)
 MULHERES & ADMINISTRAÇÃO:
BABADOS E RENDAS CONSTRUINDO UM MUNDO MELHOR





Antonio da Costa Neto (*)

“As mulheres são artesãs
tecem sonhos com fios de lágrimas
e vidas em suas barrigas,
que ficam cheias de alegrias e esperanças infanfis.
Mulheres são feiticeiras, inventam
magias e encantamentos, acreditam
em príncipes  e  em finais felizes.
Elas trazem em si toda a sabedoria;
repartem o pão, o carinho e o próprio tempo.
Mulheres são seres especiais, são anjos próximos de Deus.
São mães e a mais perfeita tradução dos
mistérios e da eternidade da alma.”

(Bob Hirsch)
Resumo:

O texto trata do papel e da grande importância das mulheres e dos valores femininos na nova administração. Reflete sobre os desafios inerentes à superação das inúmeras crises da produção, da produtividade e da economia. Propõe soluções para uma ação administrativa mais feminina, voltada para a melhoria da qualidade de vida, em termos sustentáveis, abertos, belos; solidários e flexíveis conforme as exigências da economia globalizada do terceiro milênio.
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Todo um conjunto das novas exigências passa a se fazer presente com o advento do terceiro milênio. Assim, a mudança dos paradigmas que norteiam tanto as ciências, como as práticas sociais e os padrões de vida em sociedade requerem posições diferenciadas profundamente; algumas vezes, até revolucionárias. A imensa série de crises porque passa o planeta terra, neste marcante início de século e de milênio já é, por si, um forte sintoma desta necessidade de transformações em todos os âmbitos e segmentos. O que envolve o viver; o produzir; o conviver; o festejar; o desfrutar e até o morrer. Tudo anda inseparavelmente ligado, suplicando por novas fontes do fazer e do gerenciar; onde a mulher passa a ser um personagem da mais absoluta importância e a função por ela exercida, muito mais que indispensável.                                                                                        
Não só a função da mulher, mas também o seu valor e o efetivo reconhecimento; enquanto detentora do poder de equalizar as transformações tão necessárias para que o mundo seja belo, agradável, melhor, as dimensões sustentáveis e a vida prazerosa em todos os sentidos. O que, em síntese é o objetivo de estarmos vivos e em perene desafio.

Até aqui, o paradigma de predomínio do branco, do macho e do capital tem dado às ciências e suas práticas, um caráter absolutamente sexista e com uma tendência masculinizada; capitalista, a serviço exclusivo dos interesses do capital. É o fruto do superado modelo cartesiano de pensar; de ver; de crer, de fazer as coisas, enfim, de administrá-las, concretizando assim as suas grandes metas.

Daí, o resultado de um mundo violento; da degradação da natureza; o já preocupante fim da água, da fauna, da flora, enfim, dos recursos naturais e de uma qualidade de vida em termos no mínimo aceitáveis. A sociedade moderna, apesar de tudo, continua sendo demasiado machista. A ideologia do “falo” ainda constitui um dos atrasos mais gritantes que assola as várias dimensões da vida. Se a mulher é desvalorizada, colocada no segundo plano; como um cidadão de menor grandeza, é evidente que os valores éticos, estéticos, humanos e afetivos que são mais vinculados à natureza feminina, ficam, da mesma forma; secundarizados, em relação à força, à produtividade, à técnica fria;  a produção e o lucro.

 Estes são, na verdade, padrões masculinos; auto-afirmativos; voltados para resultados mensuráveis e objetivos; que desencadeiam as realizações inerentes aos interesses de um capitalismo perverso; profundamente atrasado e centralizador. Congregando, a um só tempo, ganhos enormes, como também, desgastes e conflitos  insustentáveis. Tendo por conseqüências, a fome, a miséria, a opressão, a violência e toda uma realidade que tem feito decair, em níveis assustadores, não só a qualidade de vida humana em sociedade, como também as suas perspectivas futuras.

Fritjof Capra (1 980), faz uma reflexão muito profunda quando relata que é evidente que o comportamento agressivo, competitivo, se fosse absolutamente o único, tornaria a vida impossível. Mesmo os indivíduos mais ambiciosos, mais orientados para a realização de determinadas metas, necessitam de apoio compreensivo, de contato humano; de momentos de espontaneidade e descontração; amor, carinho e afeto.
Em nossa cultura, espera-se, e, com freqüência, força-se a mulher a satisfazer essas necessidades. Assim, secretárias, recepcionistas, aeromoças, enfermeiras, donas-de-casa; executam as tarefas que tornam a vida mais confortável e criam a atmosfera para que os competidores possam triunfar. Elas alegram seus patrões e fazem cafezinhos para eles; ajudam a apaziguar os conflitos nos escritórios; são as primeiras a receber os visitantes e a entretê-los com conversas amenas. Nos consultórios médicos e hospitais, são as mulheres que estabelecem os primeiros contatos com os pacientes que iniciam o processo de cura.
Nos departamentos de física, as mulheres fazem chá e servem bolinhos, em torno dos quais os homens discutem suas teorias. Todos estes serviços envolvem as atividades integrativas, humanísticas e processuais, e, como têm um status inferior em nosso sistema de valores, ao das atividades auto-afirmativas, lucrativas, técnicas e de resultados; quem as desempenha recebe salários e condições de trabalho menores. Na verdade, muitas destas mulheres nem sequer são pagas, como as donas-de-casa e as mães.
 Ao meu ver, esta citação reflete o preconceito machista contra a figura da mulher. Que, muitas vezes, ela própria tenta mascarar e ignorar subjugando-se ao poder do homem; ao poder do macho. Isto é profundamente triste e devastador do ponto de vista da necessária evolução da humanidade frente aos rigores do mundo e os desgastes a que vêm sido submetidas as pessoas.  Pela sordidez de uma onda tecnológica fria sem a inclusão da ética; de uma economia iníqua e de uma singular inversão de valores que se mantém intocável ao longo dos séculos e, diria eu, até dos milênios da existência histórica do ser humano mundo (Costa Neto, 2 003).

Creio que há muito já tenha chegado a hora da mulher assumir o seu papel e o seu poder no gerenciamento das instituições; das empresas, do governo, do terceiro setor. Mas fazê-lo por uma abordagem própria. Agregando doçura; beleza cooperação, a criatividade, a estética, a solidariedade, a poesia. Enfim, trabalhando com a emoção e o sentimento  femininos - e não se tornando os verdadeiros “machos de saias”- como a vasta maioria das mulheres que assume o poder sobre os demais, conforme lembra-nos Muraro (1 991),  para que assim, as tecnologias se abrandam, se tornem mais doces,  os valores humanos aflorem acima dos do capital e do estigma do “ter” sobre o “ ser” a todo o custo.

Ou seja, o papel da mulher, sendo definitivo para que possamos usufruir novas conjunturas e não, apenas de estruturas de superfície, que se diferenciam apenas pragmaticamente,  mantendo a essência das coisas e dos fatos; dentro dos estereótipos de uma ideologia há muito ultrapassada e perpetuadora de um caos insustentável em todas as dimensões e sistemas do chamado mundo contemporâneo.

Nos campos da administração, da política, da economia, das ciências da tecnologia e da comunicação, geralmente estrelada pelos machos “intelectualmente brilhantes” e também na área da ação social, da educação, das artes e muitas outras, temos a presença marcante e histórica de várias mulheres corajosas, ousadas e guerreiras que têm conseguido apresentar diferenciais respeitáveis como os de Hazel Handerson com suas avassaladoras idéias na política e na economia; Marilyn Ferguson, na constituição de verdadeiras redes humanas mundiais para a reorganização do planeta, e, ainda: Clotilde Tavares; Ir. Dulce; Evita Perón; Maria Bonita; Chiquinha Gonzaga; Anna Nery; Mãe Menininha do Gantois; Maria da Conceição Tavares; Frida Kalo; Nélida Pinõn; Ana Miranda; Hilda Hirst; Anaid Beiris; Lota Macedo Soares; Cecília Meireles; Salomé dos Doces; Leila Diniz; Elizabeth Bishop; Florbela Spanca; Patrícia Galvão; Virgínia Vitorino; Olga Benário; Margarida Maria Alves; Nízia Floresta; Violeta Parra; Nilze da Silveira; Heloisa Helena; Rose Marie Muraro; Marilena Chauí; Indira Gandhi; Benazir Butho; Golda Mehir; Madre Teresa de Calcutá; Dulcina de Moraes; Simone de Bonvoir; Elis Regina; Marina Silva; Renée Weber; Oprah Winfrey; Anita Garibaldi e muitas outras.

 Elas têm contribuído enormemente para este novo enfoque que traz o potencial da verdadeira e nova essência, além das meras aparências das formas meramente organizadas. Mas, ao contrário, advogam a real implementação de novos valores que integrem a solidariedade humana, a empatia, o respeito à alteridade, a “feminilização” consciente e eficiente das ciências e suas práticas .E não mais aquelas voltadas para a manutenção dos interesses da parte da humanidade que detém o poder e a riqueza. Mas construindo uma ciência viva e vívida que sirva a todos. Que agregue melhorias concretas num sentido mais pleno e profundo possível.

Em sua clássica obra A conspiração aquariana: transformações pessoais e institucionais nos anos 80, a já citada autora, pesquisadora e jornalista Marilyn Ferguson nos relata com singular sabedoria que as mulheres sustentam a metade do céu.

 Elas representam a maior força única para a renovação política em uma civilização completamente desequilibrada como a nossa. Assim, como os indivíduos são enriquecidos pelo desenvolvimento de ambos os lados do eu: o masculino e o feminino; a sociedade como um todo está se beneficiando amplamente com a mudança do significativo poder entre ambos os gêneros.

Ferguson continua: o poder da mulher é o barril de pólvora de nossos dias. À medida que ela aumenta sua influência na administração, na economia; no governo e em outras áreas de grande importância, sua perspectiva ultrapassará os limites do velho paradigma. As mulheres são mais flexíveis e mais voláteis que os homens, têm consentimento cultural para serem mais intuitivas, sensíveis e sentimentais, mais voltadas para o sentido da proteção e da conservação em seu aspecto mais fluido.

As mulheres mudam as regras do processo de decisão ao administrarem, são muito mais capazes de “esticar as negociações”. Ao invés de exigirem “a fatia do bolo” que os homens produziram com seus instrumentos negligentes e voltados para ganhar a qualquer custo, elas apresentam “uma nova receita”, mais integrativa, mutável e com lacunas a serem preenchidas pelos consumidores deste “novo bolo”. Igualmente, elas facilitam a pluralidade de idéias e a construção coletiva de regras, normas e valores. Também como mães, elas procuram ‘nichos’ de proteção para “seus filhotes”, e, assim, vão conduzindo o mundo para uma perene sustentabilidade, gerando processos de uma vida melhor e mais intensa em todos os sentidos em todos os momentos.

As mulheres possuem um poder mais integrador e tendem a acabar com o fenômeno da estreita definição de papéis e funções entre os gêneros humanos. Hoje em dia, até mesmo, nas lides domésticas, muito por força da coerção feminina, boa parte dos homens enfrenta o tanque, o fogão, cuida das crianças e da casa, da decoração, da limpeza, gerando mais harmonia, prazer e vigor na vida em família. Assim, numa similaridade antropológica dos fenômenos, o mesmo se dá nas outras instâncias onde as mulheres podem exercer alguma forma de poder nas decisões. É a nova dimensão do ‘ecofeminismo’; um fenômeno mundial que deixa claro o grande salto evolutivo das mulheres - diferenciado da evolução dos homens - que especialmente, a partir dos meados da década de sessenta vem ocorrendo em todo o mundo (Capra, 2 003).
 Já há muito, somos sabedores de grupos de mulheres; associações femininas profissionais, de exigência de direitos de igualdade entre os gêneros, de exercício autônomo da vida sexual; espiritual e artística; independência, sagacidade; autonomia; dentre outras. O que passa pela exigência de novas e profundas éticas de organização, canalizando uma excepcional qualidade de gerenciamento. Com base na técnica associada à intuição, à malícia, à percepção aguçada de fatos e fenômenos que passariam despercebidos para a grande maioria dos homens.

Tavares (l 986) defende a idéia da significativa capacidade da mulher para simplificar estruturas burocráticas, rotinas, fluxos; planejamento, pois estão menos preocupadas com o poder pelo poder, pura e simplesmente. Elas são mais autênticas, mais verdadeiras, e, portanto, mais sensíveis, eficientes e criativas neste sentido.

Anseiam muito mais pela funcionalidade legítima, pela dinamicidade das respostas e pela efetividade da ação gerenciada, seja, de produtos ou de serviços. Algumas mulheres precisam se libertar dos estereótipos do modelo masculino de liderança, que é apenas manipulador do poder. Criando muletas eternas que ainda prejudicam boa parte daquelas que não se autorizam a ousar, a serem independentes, a implementarem os próprios valores. Este problema ainda existe, é claro, mas estamos muito mais perto de sua solução, diferente do caso da grande maioria dos homens que ainda caminha no sentido inverso; buscando valores antagônicos, fruto da cegueira conceitual e da crise de percepção das formas masculinizadas de gerir processos de gestão nos vários segmentos em que tais aspectos possam ser compreendidos e implementados.

A ascensão da mulher para assumir a administração é considerada como uma inefável fonte de esperança para o mundo que caminha para o desastre, mas ainda não é demasiadamente tarde para descobrirmos a força do amor, da sensibilidade, da cooperação e da beleza, para que o mundo seja melhor e mais feliz, no que as mulheres têm uma missão da mais alta importância. Mais coração do que razão; mais babados e rendas do que fardas e espadas. Mais sorrisos abertos e formas de carinho do que ordens impostas, dedos em riste, determinações rígidas, concentração de poder.

 O que precisamos é de nos deliciar, comungando com a natureza e não de lutarmos cegamente contra ela, destruindo-a, em função da ganância e da desenfreada competição; do enriquecimento material indefinido; frutos de um modelo absolutamente ultrapassado de administração; uma espécie de “Clube do Bolinha”; onde a mulher não entra e não tem o poder de nada definir ou alterar. Ficando igualmente do lado de fora, a fina inteligência; a sensibilidade; a sagacidade crítica; a sábia intuição feminina, a beleza, a poesia, a arte, agregadoras de amor, comunhão e bondade, eficiência, sutileza; um terceiro caminho de humanização da técnica e do controle organizacional, com vistas à sustentabilidade da administração, do planejamento, dos processos de gestão.  Para que a vida seja preservada com dignidade, alegria e bem-estar; esta sim, a grande meta da boa organicidade, de uma administração que possa ser, de fato, reconhecida por mérito; respeitada, aplaudida e merecedora desta denominação.

Administrar bem é ser um excepcional artista. É enfrentar o palco sem medo do foco, da ousadia, da criação; da sagacidade exigente da platéia; dos novos valores e da possibilidade de segmentos para uma outra história. Onde a organização, segundo Costa Neto(2 004), o planejamento, o poder, a empresa, a economia; a política; enfim, a administração tenham uma dignidade diferente e prestem um outro serviço: pela crença, pelos valores, pela vida, e, por fim, para que a humanidade possa ter paz, ar respirável e alegria de viver em seu sentido pleno, com um equilíbrio saudável em todas as dimensões.

George Stratton (l 976) descreveu a superioridade do cérebro feminino em relação ao masculino na percepção do todo; a esperança, a criatividade que salvariam o mundo quando as mulheres tomassem o lugar que realmente lhes cabe, contribuindo na condução do destino da vida na terra. Segundo o autor, o gênero masculino necessita do âmago feminino para administrar com eficiência e eficácia. As mulheres são mais capazes de exercer a liderança com a necessária empatia, integração e reconciliação, uma capacidade de espera, uma excelente proposta para o futuro, frente às tendências que ora desencadeiam como frutos da chamada nova ordem mundial.

De uma maneira mais ampla, as mulheres são mais propensas a um maior desenvolvimento do hemisfério direito do cérebro, que em harmonia com o hemisfério esquerdo, de fundo lógico, tornam-se mais sensíveis, abertas, críticas e perceptivas. Conduzindo a intuição de uma forma mais inteligente e produtiva. O problema reside na concepção “sexista” da maioria dos homens, e também de muitas mulheres que tendem a menosprezar as decisões e as opiniões femininas; por razões muito mais de vaidade, cultura machista e uma ideologia recessiva; fruto de um histórico patriarcal que comanda nossos valores e formas de enxergar a vida e seus dilemas. É apenas uma questão de percepções rasas, e não, de superioridades ou inferioridades de seres ou gêneros (Oliveira, 2 002).
 
De Gregori (2 000) segue a mesma linha de raciocínio divulgando a concepção cultural da família e da escola que querem, a qualquer custo, “construir mulheres” dependentes e inseguras, para que sirvam aos interesses de seus “pretensos donos e senhores”- numa brutal coisificação e mercantilização da mulher -  e sem questionar, ou fazer valer suas vontades e seus direitos. Submetendo-se, sem que, pelo menos o saibam à condição de “mulher-objeto”, uma ótica muito criticada pelos movimentos feministas e pelas organizações mais sensíveis das décadas de sessenta; setenta e até meados dos anos oitenta; inclusive, como a queima pública de “soutiens”, em manifestações de protestos revolucionários das mulheres, muito difundidos pela mídia internacional.

 Porque toda mudança política que diz respeito à mulher ao seu poder; ou ao seu prazer envolve tantas polêmicas? Como, por exemplo, o uso dos anticonceptivos e da camisinha feminina; a causa do aborto? A liberdade de expressão, do direito de votar e ser votada; o tabu da virgindade; da igualdade de direitos e condições de trabalho; salários e muitas outras?

 A educação da mulher nas nossas sociedades é feita a partir do estereótipo da submissão, da ingenuidade e da subserviência, com o que fica muito mais fácil para a maioria ambiciosa dos homens galgar espaços; conquistar e gozar, sozinhos, dos méritos advindos destas mesmas cobiças. Embora estas possam ser conseguidas das formas mais injustas, escusas e até simbólica ou concretamente criminosas (Costa Neto, 2 003).
Nas escolas de ensino infantil e fundamental, onde se articula o alicerce da formação intelectual e personalísticas, por estratégia, quase sempre, só existem mulheres trabalhando. Para que, por formas instintivas, embora inconscientes, “os machinhos” se encantem; gostem mais da escola; tenham mais prazer em estudar e sejam, é claro, mais bem avaliados e com méritos melhor reconhecidos que as meninas; pela “intencional ingenuidade freudiana das professoras. E, por uma manobra draconiana de já colocar as mulheres num segundo plano: como “burrinhas”, preguiçosas, indolentes. É, na verdade, um plano frio e abusivo, contra a qual todos nós, homens e mulheres; precisamos lutar cegamente, se quisermos, de fato, conquistarmos melhores dias para todos.

As técnicas masculinizadas e o modelo cartesiano de organização estão absolutamente superados e falidos. Necessitam; portanto; de propostas arraigadas e novas que agreguem comunhão, amor, bondade e solidariedade humana principalmente em relação aos que mais precisam, aos que sofrem, para o quê, a mulher possui muito maior competência e sensibilidade. Favorecendo, de fato, à grande massa dos oprimidos, marginalizados e esquecidos que passam fome e morrem nas esquinas, debaixo dos viadutos e nas filas dos hospitais públicos horrendamente desumanos. Administrar com a verdadeira sensibilidade, visão crítica e compromisso político, o que, culturalmente é mais fácil para a mulher, talvez seja a grande sabedoria que transcenderá aos sofrimentos do mundo, buscando a evolutiva superação do caos (Henderson, l 998).

Estamos todos construindo em conjunto uma “nova linguagem” de qualidade de vida, o que, por certo, envolve novos valores, crenças e ações, para além dos reduzidos papéis masculinos de verdadeiras polícias do pensamento; de redutores da liberdade, da criatividade, da autonomia. Induzindo, portanto, ao medo de um novo poder de criar e sistematizar soluções viáveis e que dêem respostas no mínimo satisfatórias. No fim, tudo se reduz ao tremendo temor e insegurança que o homem, na verdade, tem, de que a mulher se utilize do seu infinito poder de persuadir, de liderar, com sagacidade e criatividade; alcançando, de fato, o que  lhe é  culturalmente negado  durante toda a história das civilizações: o justo direito de ser ela mesma, com direitos, liberdades e prazeres iguais.

É certo que as velhas estruturas geram um tremendo progresso material e tecnológico, como também, criam problemas até muito maiores. Pois tudo é realizado com uma visão bastante fragmentária; em que não se harmonizam causas e efeitos.  A abordagem masculina de gestão para o progresso material e o lucro ilimitado a qualquer custo, produz muito e destrói mais ainda, com suas ações maquiavélicas e egoístas. Longe de concepções e equipes com grupos igualitários e pacíficos, o que requer a profunda liderança feminina, para que a história da evolução das organizações mude este relato de tendências incoerentes e, diríamos, até mentiroso em alto grau.

Faz-se necessário, utilizar a crescente virtuosidade da tecnologia, colocando-a mais a serviço da vida e da felicidade humana; evitando os tão comuns cenários de aniquilação em volta de todo o mundo civilizado, as ameaças lentas e insidiosas de um capitalismo perverso e profundamente opressor, que apenas será combatido pela tenaz inteligência feminina, caso ela seja muito bem aproveitada, de forma assertiva e oportuna.

É preciso, em nossas administrações contemporâneas, colocar um ponto final nos conflitos civis e étnicos, geradores de todos os tipos de violência nas ruas, nos campos, nos estaleiros de nossas indústrias, nos ambientes de trabalho e produção, nas cidades e nas famílias. Necessário se faz que se integrem igualitariamente os gêneros humanos numa ação prática de equilíbrio, sem os mecanismos enganadores. Mas gerando participação, autonomia e poder de decisões em todos os níveis, para mulheres e homens. Não, em contrapartida de competição, mas integrando valores, vontades, ideologias e competências reais e os sonhos de todos.

O paradigma violento da competição-conflito, dominação-submissão; perdas e ganhos, precisa ser rapidamente substituído por concepções e princípios que envolvam novas abordagens e avanços revolucionários que não sairão jamais dos vazios baús das idéias masculinas, mas buscando os sinais de transformação pelas delicadas mãos das mulheres. Conjugando razão e coração com lides mais amorosas, não abandonando, é claro, a técnica; a produtividade; a provisão de lucros eqüitativos e que garantam a sobrevivência calma, lúcida e confortável para todos. Afinal, não estamos falando de filantropias gratuitas, mas de administrações eficientes num mundo gerido pelo poder inquestionável do capital.
É chegado tempo do fim da vitória do capitalismo opressor, dos mercados competitivos e das crescentes crises advindas do eterno “caso de amor” com a moderna tecnologia e seus perversos impactos sobre a vida, a paz, a harmonia;  o meio-ambiente.

 As mulheres, por certo, não mais se utilizarão desta “poção nociva” da evolução tecnológica, da exploração comercial dos povos do planeta e dos seus recursos naturais renováveis ou não. Mas, sem dúvida, farão uma administração calcada em recursos e potenciais humanos regulamentadores de nossas sociedades, de nós mesmos, e, de nossas vidas presentes e futuras.  Resguardando, inclusive as novas gerações de toda esta sorte de sofrimentos e agruras advindas deste tipo absurdo de irresponsabilidade social; uma espécie de crime coletivo, invisível, que vem sendo lentamente cometido contra a humanidade inteira, há milênios.

A busca de formas mais cooperativas, flexíveis, amenas, doces, belas  e mais justas de desenvolvimento virá da opção feminina ao decidir com critérios inovadores próprios e  com benéficos a toda a sociedade civil emergente.  Promovendo a organização de um tempo nosso, único e autêntico, calcada na diversidade de todas as espécies vivas, como verdadeiras fontes de riquezas em favor da vida e seus encantos, é do que nos fala Costa Neto (l 986).

 Uma administração para a plena sustentabilidade dos meios integrais de vida, no exato sentido e força da expressão, deverá criar novas sociedades, outras formas de empreendimentos, de instituições e parcerias onde todos ganhem, colocando fim nas organizações com o foco único no dinheiro e no lucro, na maioria das vezes, abusivo, como um “cassino global”, mas com novos indicadores da economia e do progresso verdadeiro, multidimensional e para todos.Com uma olhada por entre os véus dos levantamentos estatísticos, das planilhas e dos diagnósticos feitos em computadores sofisticados e prontamente capazes de legitimar a fome e a miséria, como também, socializá-las com o maior cinismo.

Henderson (l 996) nos lembra que o Produto Nacional Bruto; o Produto Interno Bruto e outras brutalidades deverão ser rapidamente substituídos por novos indicadores do desenvolvimento humano e da importância da difusão das democracias em todo o mundo. Dando ênfase à satisfação das necessidades urgentes do aperfeiçoamento dos sistemas de tomadas de decisão; que passam a ser democráticos, coletivos e com grandes inovações sociais e, ao mesmo tempo, tecnológicas. Construindo futuros com arquiteturas mais adequadas para que o Século XXI seja realmente mais humano, mais profícuo de felicidades e com muitos motivos para que a humanidade possa comemorar.

Cabe às mulheres a criação de sistemas administrativos com novas concepções, hábitos, pensamentos e paradigmas; como ferramentas mentais mais harmônicas, originais, criativas, abertas, integradas e flexíveis, utilizando concepções antagônicas aos modelos que vêm sendo praticados até os nossos dias, promovendo transformações muito profundas, necessárias e inadiáveis.

Só assim poderemos ver surgir os maravilhosos paradoxos da existência humana e os mistérios profundamente belos como processo e resultado de uma grande, e, quase divina criação em todo o universo conhecido e dentro de nós mesmos, para muito além de planos, tabelas, registros contábeis, lucros e relatórios de caixa de finais de balanços.

A organicidade carece de vida nova, de crenças, de valores humanos que sintetizem a profunda felicidade do viver plenamente todos os momentos, cumprindo assim a função que justifica a vida do ser humano no mundo.O grande drama da organização requer uma nova engenhosidade mental, responsabilidade, sabedoria, sistemas de crenças que até o momento se mostraram disfuncionais e que requerem uma outra atmosfera de emoção e ternura como valores fundamentais para que as organizações sobrevivam e colaborem com o plano maior da dignidade em todos os sentidos.

Finalmente, administração com bases femininas terá seu foco central nas políticas públicas e individuais que possibilitem o planejamento e a inovação em produtos e serviços com vistas ao respeito, aos desejos, ritmos, estilos, personalidades das pessoas que receberão as benesses desta ação administrativa específica. Questionando sempre o arcabouço cada vez mais estreito da economia convencional e destruidora de um mundo minimamente saudável, abandonando o falso universalismo e a visão simplista da natureza humana.  Construindo um futuro multidiversificado e com matizes de um perfeito arco-íris, num tempo em que já é quase tarde demais para a compreensão destes acontecimentos, fatores e necessidades mais que urgentes.

Pelas mulheres serão buscadas, certamente, ondas luminosas para remodelar a produção e o potencial para crescer e aprender sempre com mais otimismo em relação à natureza humana e sua inteira complexidade. Criando ambientes desafiadores e estilos de vida inteiramente a favor da felicidade das espécies; sem quaisquer distinções étnicas, raciais, geográficas, sexuais, culturais ou políticas. Proporcionando, por assim dizer, uma “grande angular”, criando hoje as realidades de amanhã, sendo previstas e esperadas como sonhos, esperanças e alegrias; concretizando utopias e capacidades para a implementação das mudanças tão necessárias. Dando à organicidade um tom profundo de ecologia, como ciência profunda, rica e inquestionável. E, por falar em ecologia, o que é, em síntese,  harmonia e felicidade; lembro-me de uma secular sabedoria chinesa, segundo a qual; “todas as mulheres são árvores, e, juntas, que linda floresta elas formam”.
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(*) Administrador, Mestre em Políticas Educacionais. Consultor em Programas de Gerenciamento; Educação; Pesquisas e Mudanças de Paradigmas. É autor dos livros: Paradigmas em educação no novo milênio; Escolas & Hospícios: ensaio sobre a educação e a construção da loucura; Poemas para os anjos da terra e de vários artigos publicados em jornais e revistas especializadas. Professor de OS&M e Programas de Gestão da Faculdade Paulo Martins em Brasília – DF



Referências Bibliográficas



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